domingo, 28 de julho de 2013

Aluguel caro deixa o preço dos cardápios salgados

Leonardo Spinelli



    Quem sai para jantar e se encontrar com os amigos ou mesmo almoçar durante o dia já sabe: os preços dos restaurantes do Recife estão mais salgados. Só nos últimos 12 meses, comer fora de casa ficou 13,14% mais caro na capital pernambucana, de acordo com o IPCA. É um percentual acima da média nacional do segmento para o período, de 10,08%, e quase o dobro da inflação oficial do País de 6,69%, determinado pelo mesmo indicador. É um comportamento parecido com o do preço dos aluguéis, que subiram 10,68% na região. O consumidor não sabe, no entanto, que o próprio aluguel é um dos itens que mais pressionam os custos dos restaurantes do Recife e isso, claro, termina se refletindo nos preços do cardápio.
“Um imóvel que há dois, três anos a gente alugava por R$ 5 mil, hoje está em R$ 20 mil, R$ 25 mil”, relata Pedro Berisson, dono da rede Boteco, que teve de fechar as portas de seu mais tradicional ponto na Avenida Boa Viagem, há cerca de dois anos, porque não teve cacife para bancar a briga com a indústria da construção imobiliária. Ele diz que o aumento das despesas com o aluguel é apenas uma conta a mais para um setor que passou a sofrer mais pressão na aquisição de alimentos e de mão de obra. Como não conseguem repassar todos os aumentos de custos, o jeito é apertar o lucro. “A margem de 10 anos para cá baixou para menos de 1/3 do que era. Hoje quem consegue ganhar 10% da receita é um vitorioso, pois a média fica abaixo disso, em 6% a 7%”. 

    Não foi por acaso também que o empresário franco-suíço Georges Thévoz abandonou o setor este ano, três décadas depois de abrir seu primeiro restaurante, numa época em que a concorrência e os custos eram bem menores. Depois de mudar 7 vezes de endereço, sua tradcional casa Chez Georges atendeu o público pernambucano pela última vez em fevereiro. Agora ele pretende tirar um tempo de férias e voltar para administrar pousadas. “Não vou mais operar com restaurantes.” Ele conta que sua última tentativa de operar com seu restaurante se deu por uma oportunidade. Ele havia saído de Boa Viagem e apareceu um imóvel em Casa Forte, onde o dono já possuía praticamente todo o equipamento de restaurante. 
“O proprietário me ofereceu todo o enxoval para eu comprar e em troca, fechamos um preço melhor de aluguel. Mas quando chegou o período de renovação do aluguel eu senti que ele queria trazer o valor para o que o mercado estava praticando. Era um aumento de mais de 150% e eu vi que não daria para continuar operando com esse custo fixo muito alto”, relatou. Antes do aumento, o aluguel estava em R$ 12 mil. Thévoz destaca que o preço pedido está dentro da realidade do mercado recifense, “pois é de direito o dono do imóvel cobrar pelo o que o espaço vale”, mas na sua avaliação é um custo muito alto para operar com um restaurante de seu perfil. “Havia dificuldade de rentabilizar o negócio, pois eu só operava no jantar. Minha abordagem era mais gastronômica. Para crescer teria de investir...Mas eu não queria fazer isso, depois de 30 anos acho que cheguei no tempo de tirar umas férias. O imóvel já está alugado para uma rede de fast food, que terá mais condições de tornar a operação naquele local mais rentável”

Leia a matéria completa na edição deste domingo do Jornal do Commercio


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